Meio Ambiente SC 290

Resultados Parciais do Monitoramento de Deslocamento de Fauna da Via

Uma vertente importante do monitoramento de fauna da SC-290 é a avaliação do uso da via pela fauna local, cujas informações são cruzadas com o monitoramento de atropelamento de fauna e o monitoramento das passagens de fauna, além de auxiliar nos esforços de captura de espécimes e coleta de dados do monitoramento de radiotelemetria.

O monitoramento da via é feito com base no uso de armadilhas fotográficas que permaneceram ativas 24h por dia, durante, pelo menos, 10 dias em cada estação do ano, assim distribuídas:

  • uma armadilha a cada, aproximadamente, 1km (10 a 12 armadilhas), instalada na margem da rodovia, em posição diagonal à pista, buscando o registro de fauna transitando nos dois sentidos da via. Quando a amostragem contemplou trechos com passagens inferiores ou superiores de fauna instaladas, a armadilha fotográfica, sempre que possível, foi deslocada para monitorar a estrada sobre a passagem, visando identificar a ocorrência de uso da pista para travessia de um lado ao outro;
  • duas armadilhas em trilheiros de fauna localizados próximos a três passagens de fauna (PIF), uma em cada lado da via.

A partir da realização desse esforço, no acumulado das cinco campanhas, foram obtidos 820 registros de fauna silvestre transitando pela via, relativos a 16 espécies (incluindo 30 registros de Lepus europaeus), com destaque para o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous, n=698 – 85% dos registros) e o mão-pelada (Procyon cancrivorus, n=42 – 6,3% dos registros). Fatores como condições climáticas e roubo e outros problemas de equipamentos podem influenciar nos resultados.

Já em relação às passagens de fauna, foram verificados 631 registros de utilização das PIFs pela mastofauna de médio porte (incluindo morcegos), relativos a, pelo menos, 13 táxons. As espécies mais frequentemente registradas utilizando as passagens são: irara (Eira barbara, n=174), quati (Nasua nasua, n=125) e gato-maracajá (Leopardus wiedii, n=91).

Os dados obtidos até o momento trazem alguns indicativos importantes:

  • A maioria das espécies registradas utilizando as passagens de fauna não foram registradas nas câmeras alocadas sobre a via, indicando a efetividade das passagens. As exceções foram o mão-pelada (Procyon cancrivorus) e o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), que provavelmente utilizam a via para se deslocar entre áreas, mas também de forma oportunista, para forrageio e acesso a lixeiras dispostas, sobretudo próximo das pousadas;
  • Os trilheiros utilizados pela fauna passam por dentro das passagens de fauna e raramente há registro de indivíduos explorando o entorno das passagens;
  • Há fortes evidências de preferência, se não exclusividade, de uso das passagens de fauna para travessia da rodovia por várias espécies, o que pode vir a reduzir a necessidade de instalação de cercas direcionadoras naquelas passagens cujo trilheiro, de fauna na qual estão inseridas, está bem consolidado;
  • Foram frequentes os registros de quatis e gatos-maracajás com filhotes utilizando as três passagens monitoradas.

A seguir são apresentados alguns registros do monitoramento.

Veado com filhote em trilheiro
Puma em trilheiro
Gato do mato pequeno
Veado em trilheiro
Gato do mato pequeno
Leopardus pardalis
Cachorro do mato
Tamanduá-Mirim
Leopardus wiedii com filhote, utilizando passagem de fauna
Eira barbara (irara) utilizando passagem de fauna
Puma na rodovia
Mapa de localização dos monitoramentos

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