Meio Ambiente SC 290

Resultados Parciais do Monitoramento de Fauna por Radiotelemetria

Um dos programas de monitoramento referente à fauna no âmbito do licenciamento ambiental da SC-290 é o monitoramento de mastofauna por radiotelemetria.

O método de captura consiste no uso de armadilhas não-letais modelo Tomahawk, com atrativo visual, auditivo e olfativo, a partir de isca viva, neste caso codorna-japonesa (Coturnix japonica), galinhas (Gallus gallus domesticus – garnizés ou pintos com mais de 15 dias) ou sardinhas em conserva. São instaladas 10 armadilhas mantidas ativas por 10 dias cada campanha. Caso capturado um animal, os espécimes são manipulados (contenção química) seguindo o protocolo sugerido pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros CENAP/ICMBio. Durante o momento de captura são coletadas todas as informações pertinentes (medidas corpóreas, peso, ectoparasitas, pelos, etc), mas isto é feito quando possível, resguardando o bem-estar dos animais contidos (redução de estresse). Além disso, é instalado um rádiocolar que permite a coleta de pontos diários (número a critério do objetivo) com posterior download dos dados de GPS armazenados em cada equipamento. Os equipamentos não excedem 4% do peso do animal e não interfere nos seus hábitos, possuindo um ponto frágil para garantir que o colar caia do anima (dentre 2 a 12 meses, dependendo do hábito do animal.

Os colares receberam uma programação considerando duas janelas de amostragem mensais:

  • uma janela de 20 dias, com marcação de um ponto de localização a cada quatro horas, totalizando seis pontos por dia e 180 pontos por mês (são extraídos os pontos coletados a cada quatro horas das coletas na segunda janela de amostragem), visando a identificação da área de vida de cada indivíduo e suas sobreposições; e
  • uma janela de 10 dias, com marcação de um ponto de localização a 30 minutos, totalizando 48 pontos por dia e 480 pontos por mês os colares, para avaliação dos deslocamentos, uso da área de vida e interação com o empreendimento.
  • Além disso, são programados para abertura de sinal VHF bimensalmente, ao longo de 7 dias, durante os quais a equipe percorre a área de estudo buscando sinal dos indivíduos e aproximação para download remoto dos dados contidos no colar.

Até o momento foram implantados 13 colares em 4 campanhas de monitoramento, sendo 6 cachorros do mato (Cerdocyon thous), 5 cachorros do campo (Lycalopex gymnocercus), 1 gato maracajá (Leopardus wiedii) e uma jaguatirica (Leopardus pardalis). Destes, foram realizadas downloads de informações de 4 indivíduos. Todos os trabalhos são realizados com o zelo adequado ao bem estar dos animais. A partir dos dados é possível analisar a área de vida destes e a interação com a rodovia, conforme exemplificados nas figuras a seguir, de forma a prever as melhores medidas de mitigação dos impactos negativos da rodovia sobre a fauna.

É importante destacar que a pavimentação da SC-290 conta com 22 passagens de fauna subterrâneas (12 executadas, 4 em execução) e 9 passagens de fauna arbóreas (de dossel), e conta com programas específicos de monitoramento do uso desses equipamentos.

Figura 1 – USO DO HABITAT DO INDIVÍDUO 014 – Leopardus wiedii. Cada cor representa dados de uma janela de download

Figura 2 – USO DO HABITAT DO INDIVÍDUO 010 – Cerdocyon thous. Cada cor representa dados de uma janela de download

Figura 3 – USO DO HABITAT DO INDIVÍDUO 005 – Cerdocyon thous. Cada cor representa dados de uma janela de download
Figura 4 – USO DO HABITAT DO INDIVÍDUO 011 – Lycalopex gymnocercus. Cada cor representa dados de uma janela de download
Figura 5 – Leopardus wiedii capturado na CP1
Figura 6 – Cerdocyon thous capturado na CP2 com radiocolar
Figura 7 – Leopardus pardalis sendo monitorado
Figura 8 – Lycalopex gymnocercus – quarta campanha

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